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Período Yayoi

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Parte da série sobre
História do Japão
Paleolítico (50/35.000–13/9.500 AEC)
Período Jōmon (13/9.500–300 AEC)
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O período Yayoi (japonês: 弥生時代, Yayoi-jidai) foi um período da história do Japão que abrange de 1000 a.C. até 300 d.C., iniciado na era neolítica e perdurou durante a idade do bronze até o início da idade do ferro.[1][2]

Desde os anos 80, estudiosos argumentam que o período anteriormente classificado como transicional do período Jōmon deveria ser reclassificado como Yayoi Inicial.[3] A data do início de tal transição é controversa, com estimativas variando dos séculos X a VI a.C..[4][5]

O período foi batizado em homenagem ao bairro Yayoi de Tóquio, onde arqueólogos descobriram artefatos desta era. Características distintas do período Yayoi incluem o uso da cerâmica Yayoi e o início da agricultura do arroz. A sociedade hierárquica do Japão teve início neste período, baseado na sociedade chinesa antiga. Técnicas em metalurgia baseadas no uso de bronze e ferro foram introduzidas pela Coreia.

O período Yayoi seguiu o período Jomon (14 mil - 1000 a.C.) e a cultura deste floresceu desde o sul de Kyushu até o norte de Honshu. Evidências arqueológicas apoiam a ideia de que, durante este período, migrações sucessivas de agricultores do continente asiático absorveram ou deslocaram a população caçadora-coletora nativa.

Cultura Yayoi

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Uma jarra Yayoi do século I-III, escavada em Kugahara, Ota, Tóquio, Museu Nacional de Tóquio.

As evidências arqueológicas mais antigas dos Yayoi são encontradas no norte de Kyushu,[6] apesar de existirem divergências quanto a este fato. A cultura Yayoi rapidamente se espalhou para a ilha principal de Honshu, misturando-se com a cultura nativa Jomon.[7] A cerâmica Yayoi era decorada de forma simples e produzida em uma roda apropriada, ao contrário da cerâmica do Jomon, que era feita à mão. Os artesãos Yayoi faziam sinos cerimoniais de bronze (Dotaku), espelhos e armas. Por volta de 100 a.C, agricultores Yayoi começaram a usar ferramentas e armas de ferro.

Reconstrução do sítio arqueológico de Yoshinogari

A população Yayoi cresceu e se tornou mais rica e sua sociedade tornou-se mais estratificada e complexa. Eles vestiam roupas de pano, viviam em vilas agrícolas permanentes e faziam construções de madeira e pedra. Eles também acumulavam riqueza através da posse de terras e estocagem de grãos. Tais fatores levaram ao desenvolvimento de classes sociais distintas. Fontes chinesas antigas relatam que os Yayoi se adornavam com tatuagens e outras marcas em seus corpos para indicar diferenças de status social.[8] Chefes Yayoi de algumas regiões de Kyushu parecem ter patrocinado e manipulado politicamente o comércio de bronze e outros objetos de prestígio.[9] Isso foi possível graças à introdução da cultura irrigada de arroz, técnica proveniente da região do rio Yangtzé e da península coreana, introduzido no Japão através das Ilhas Ryukyu ou da península coreana.[10][11] A agricultura irrigada de arroz possibilitou o desenvolvimento de uma sociedade agrária e sedentária no Japão. Os desenvolvimentos políticos e sociais mais importantes das atividades agrárias foram o surgimento de uma sociedade estratificada e uma autoridade central.

As evidências arqueológicas dos Jomon e Yayoi indicam que os dois povos eram fisicamente distintos.[12] Os indivíduos do povo Jomon costumavam ser mais peludos, tinham olhos mais separados e sem a dobra epicântica, eram mais baixos, com membros mais longos, rostos mais curtos e largos e topografia facial mais proeminente, com arcadas superciliares e narizes mais proeminentes, portanto, uma aparência mais próximo dos caucasoides, apesar de serem geneticamente mais próximos dos povos asiáticos. O povo Yayoi, por outro lado, era mais alto, tinha olhos mais próximos com as dobras epicânticas e narizes e arcadas superciliares menos protuberantes (mais semelhantes aos chineses e coreanos). Quase todos os esqueletos escavados do Período Kofun, exceto aqueles dos Ainus e nativos pre-históricos de Okinawa (Jomon),[13] lembram os japoneses (e leste-asiáticos) dos dias atuais.[14]

Este período está dividido em três sub-períodos:[15]

Sub-período Fases de cerâmica
no norte de Kyushu
Fases de cerâmica
nas planices de Kanto
Fases de cerâmica
em Aomori
Fases de cerâmica
em Hokkaido
Yayoi
500 - 100 AEC
Itazuke I Jomon Final Sunasawa Epi-jomon
Itazuke II - Seno
Jonokoshi - Nimaibashi Esan I
Yayoi médio
100 AEC - 100 EC
Sugu Osagata Inakadate 1 Epi-jomon
Mitoko Suwada Inakadate 2
Takamizuma Miyanodai Nembutsuma Esan II-IV
Final Yayoi
100 - 300 EC
Shimo-Okuma Kugahara Oishitai Epi-jomon
Nobeta Yayoicho Chitose
Nishijin Maenocho Chokaisan Kohoku B, C

A origem da cultura Yayoi tem sido debatida há muito tempo. Os sítios arqueológicos mais antigos são os de Itazuke ou Nabata no norte de Kyushu. Contato entre comunidades pescadoras da costa de Kyushu e do sul da Coreia datam do período Jomon, confirmado pela troca e comércio de itens, como anzóis e obsidianas.[16] Durante o período Yayoi, características culturais da China e da Coreia se espalharam nessa área em várias ocasiões e durante vários séculos e depois se espalhou para o sul e para o leste.[17] Este foi um período de miscigenação entre os migrantes e a população indígena, e entre novas influências culturais e práticas antigas.[18]

Entre 1996 e 1999, uma equipe liderada por Satoshi Yamaguchi, um pesquisador do Museu Nacional da Natureza e da Ciência do Japão, comparou esqueletos Yayoi encontrados nas prefeituras de Yamaguchi e Fukuoka com outros da costa da província de Jiangsu da China e encontrou muitas semelhanças entre os dois tipos.[19][20]

Sino dōtaku do período Yayoi, datado do século III a.C

Alguns estudiosos concluíram que houve influência coreana na cultura Yayoi. Mark J. Hudson citou evidências arqueológicas que incluíam "arrozais com limites, novos tipos de ferramentas de pedra polida, implementos de madeira para agricultura, ferramentas de ferro, tecnologia de tecelagem, frascos de cerâmica para armazenagem, colagem externa de rolos de argila na fabricação de cerâmica, assentamentos abandonados, porcos domesticados e rituais envolvendo ossos de mandíbula."[21] A teoria é reforçada pelo fato de que a cultura Yayoi iniciou na costa norte de Kyushu, área do Japão mais próxima da Coreia. A cerâmica Yayoi, os montes funerários e os métodos de preservação de alimentos são semelhantes aos do sul da Coreia.[22]

No entanto, alguns estudiosos argumentam que o rápido aumento de aproximadamente quatro milhões de pessoas no Japão entre os períodos Jomon e Yayoi não pode ser explicado apenas pela migração. Eles atribuem o aumento principalmente à mudança de uma dieta de caçadores-coletores para a agricultura nas ilhas, com a introdução do arroz. É bem provável que o cultivo de arroz e sua subsequente deificação tenham permitido um aumento lento e gradual da população.[23] Ainda assim, há evidências arqueológicas que apoiam a ideia de que houve migrações de agricultores do continente.[22]

Algumas peças de cerâmica Yayoi mostram claramente a influência da cerâmica Jōmon. Além disso, os Yayoi viviam no mesmo tipo de moradia em poço ou circular que os Jomon. Outros exemplos de elementos em comum são ferramentas de pedra lascada para caça, ferramentas de osso para pesca, conchas na fabricação de pulseiras e decoração de laca para embarcações e acessórios.

De acordo com vários linguistas, o japônico estava presente em grande parte do sul da península coreana. Estas "Línguas Japônicas Peninsulares" foram deslocadas ou substituídas por falantes de línguas coreânicas, causando as migrações Yayoi.[24][25] Da mesma forma, Whitman (2012) sugere que os Yayoi não são relacionados aos proto-coreanos, mas que estavam presentes na península coreana durante o período da cerâmica de Mumun. Segundo ele, o japônico chegou à península coreana por volta de 1500 a.C. e foi levado ao arquipélago japonês pelos Yayoi por volta de 950 a.C.. A família de idiomas associada à cultura Mumun e Yayoi seria a japônica. Os coreanos chegaram mais tarde da Manchúria à península coreana por volta de 300 a.C. e coexistiram com os descendentes dos agricultores Mumun (ou os assimilaram). Ambos tiveram influência um no outro e um efeito fundador posterior diminuiu a variedade interna de ambas as famílias de idiomas.[26]

Relatos sobre os Wa em textos históricos da China

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O Selo Imperial da China, que acredita-se que foi concedido pelo Imperador Guangwu de Han ao Rei de Wa (atual Japão), em 57 d.C. Nele está inscrito Rei de Na de Wa na Dinastia Han (漢委奴國王)

Os registros escritos mais antigos sobre os povos do Japão são de textos da China desse período. Wa, a pronunciação japonesa para um antigo nome em chinês para o Japão, foi mencionada em 57 d.C.; o Estado de Na (奴国 Nakoku?), de Wa, recebeu um selo dourado do Guang Wudi da Dinastia Han. Esse evento foi registrado no livro Hou Hanshu, compilado por Fan Ye no século V. O selo foi descoberto no norte de Kyūshū, em 1784.[27] Wa também foi mencionado em 257 d.C., no Wei zhi, uma seção do San Guo Zhi (A Crônica dos Três Reinos), compilado pelo sábio Chen Shou, do século III.[28]

Antigos historiadores chineses descreveram Wa como uma terra de centenas de comunidades tribais espalhadas, e não o território unificado com 700 anos de tradição como narrado pelo Nihon Shoki, uma obra datada do século VIII, que conta a história do Japão misturando elementos míticos com históricos e data a fundação do país em 660 a.C. Evidências arqueológicas também sugerem que conflitos frequentes entre assentamentos e clãs ocorriam no período. Muitos assentamentos escavados foram construídos no topo de colinas. Corpos humanos queimados e sem cabeça[29] descobertos no sítio arqueológico de Yoshinogari corroboram essas teorias. Na região costeira do Mar Interno de Seto, pontas de flechas de pedra são frequentemente achadas em objetos funerários.

Textos chineses do século III d.C. relatam que o povo de Wa se alimentava de peixe cru, vegetais e arroz, servidos em travessas de bambu e madeira, batiam palmas em cultos (costume ainda comum nos dias de hoje em santuários xintoístas) e construíam túmulos de terra. Eles também mantinham relações de vassalagem, coletavam impostos, tinham celeiros e mercados e cumpriam o luto. A sociedade era caracterizada por lutas violentas.

Ver artigo principal: Yamatai
Kofun de Hashihaka, Sakurai, Nara

O Wei Zhi (chinês: 魏志), que faz parte dos Registros dos três Reinos, menciona pela primeira vez Yamatai e a rainha Himiko no século III. Segundo o registro, Himiko assumiu o trono de Wa, como líder espiritual, após uma grande guerra civil. Seu irmão mais novo estava encarregado dos assuntos de estado, incluindo as relações diplomáticas com a corte chinesa do o Reino de Wei.[30] Quando perguntados sobre suas origens pela embaixada Wei, o povo de Wa alegou ser descendente de Taibo de Wu, uma figura histórica do Reino Wu ao redor do delta do Yangtzé da China.

Por muitos anos, a localização de Yamataikoku e a identidade da rainha Himiko foram objeto de pesquisa. Dois locais possíveis, Yoshinogari, na prefeitura de Saga, e Makimuku, na prefeitura de Nara, foram sugeridos.[31] Pesquisas arqueológicas recentes em Makimuku sugerem que Yamataikoku estava localizado na área.[32][33] Alguns estudiosos defendem que o kofun de Hashihaka em Makimuku é o túmulo de Himiko. Sua relação com a origem da sociedade Yamato no período Kofun também é assunto de debate.

Referências

  1. Silberman et al., 154–155.
  2. Schirokauer et al., 133–143.
  3. Habu, Junko (2004). Ancient Jomon of Japan. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 258. ISBN 978-0-521-77670-7 
  4. Shōda, Shinya (2007). «A Comment on the Yayoi Period Dating Controversy». Bulletin of the Society for East Asian Archaeology. 1 
  5. Mizoguchi, Koji (2013). The Archaeology of Japan: From the Earliest Rice Farming Villages to the Rise of the State. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 35–36. ISBN 978-0-521-88490-7 
  6. The Origin of the Farming in the Yayoi Period and East Asia: Establishment of High-Precision Chronology by Carbon 14 Age Analysis, Museu Nacional de História Japonesa (em japonês)
  7. Eastern Japanese pottery during the Jomon-Yayoi Transition: A study in forager-farmer interaction Arquivado em 23 de setembro de 2009, no Wayback Machine., Seiji Kobayashi, Kokugakuin Tochigi Junior College (em inglês)
  8. Lock, Margaret (1998). The Encyclopedia of World Cultures CD-ROM. Macmillan. Consultado em 6 de setembro de 2019 
  9. Pearson, Richard J. Chiefly Exchange Between Kyushu and Okinawa, Japan, in the Yayoi Period. Antiquity 64(245)912-922, 1990.
  10. Keally, Charles T. (3 de junho de 2006). «Yayoi Culture». Japanese Archaeology. Charles T. Keally. Consultado em 19 de março de 2010 
  11. Earlier Start for Japanese Rice Cultivation, Dennis Normile, Science, 2003 (em inglês)
  12. 縄文人の顔と骨格-骨格の比較 Arquivado em 23 de dezembro de 2007, no Wayback Machine., Information-technology Promotion Agency
  13. 南西諸島出土人骨の形質人類学的・人類遺伝学的研究, Doi, Naomi, University of the Ryukyus (em japonês)
  14. Jared Diamond (junho de 1998). «Japanese Roots». Discover (em inglês). 19. Consultado em 15 de agosto de 2011. Arquivado do original em 25 de maio de 2012 
  15. Habu, Junko (2004). Ancient Jomon of Japan. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-77670-7 
  16. Mizoguchi (2013), p. 54.
  17. Kidder, J. Edward, Jr. (1993). «The earliest societies in Japan». In: Brown, Delmer. Cambridge History of Japan, vol. 1: Ancient Japan. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 48–107. ISBN 978-0-521-22352-2  p. 81.
  18. Mizoguchi (2013), p. 53.
  19. «Long Journey to Prehistorical Japan». National Science Museum of Japan. Consultado em 6 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 21 de abril de 2015 
  20. «Yayoi linked to Yangtze area: DNA tests reveal similarities to early wet-rice farmers». The Japan Times. 19 de março de 1999 
  21. Mark J. Hudson (1999). Ruins of Identity Ethnogenesis in the Japanese Islands. [S.l.]: University Hawai'i Press. ISBN 0-8248-2156-4 
  22. a b Jared Diamond (1 de junho de 1998). «Japanese Roots». Discover Magazine. 19 (6 de junho de 1998). Consultado em 6 de setembro de 2019. Unlike Jomon pottery, Yayoi pottery was very similar to contemporary South Korean pottery in shape. Many other elements of the new Yayoi culture were unmistakably Korean and previously foreign to Japan, including bronze objects, weaving, glass beads, and styles of tools and houses. 
  23. Mizoguchi (2013), p. 119.
  24. Janhunen, Juha (2010). «RReconstructing the Language Map of Prehistorical Northeast Asia». Studia Orientalia (108). ... there are strong indications that the neighbouring Baekje state (in the southwest) was predominantly Japonic-speaking until it was linguistically Koreanized. 
  25. Vovin, Alexander (2013). "From Koguryo to Tamna: Slowly riding to the South with speakers of Proto-Korean". Korean Linguistics. 15 (2): 222–240.
  26. Whitman, John (1 de dezembro de 2011). «Northeast Asian Linguistic Ecology and the Advent of Rice Agriculture in Korea and Japan». Rice (em inglês). 4 (3): 149–158. ISSN 1939-8433. doi:10.1007/s12284-011-9080-0 
  27. Fukuoka City Museum. «Gold Seal (Kin-in)». Consultado em 10 de novembro de 2007 
  28. 魏志倭人伝, Chinese texts and its Japanese translation (em japonês)
  29. Facts about Japan - Ancient Japan (em inglês)
  30. 魏志倭人伝, Chinese texts of the Wei Zhi, Wikisource
  31. Karako-kagi Archaeological Museum (2007). «ヤマト王権はいかにして始まったか». Comprehensive Database of Archaeological Site Reports in Japan. Consultado em 1 de setembro de 2016 
  32. 古墳2タイプ、同時に出現か・奈良の古墳群で判明, Nikkei Net, March 6, 2008
  33. 最古級の奈良・桜井“3兄弟古墳”、形状ほぼ判明 卑弥呼の時代に相次いで築造 Arquivado em 2008-03-08 no Wayback Machine, Sankei Shimbun, March 6, 2008